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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O LIXO DE LUXO. Passa despercebido pela maioria das pessoas o que acontece com determinado tipo de lixo.

Refiro-me ao lixo de luxo e não àquele material desprezível, que muitos preferem não olhar. O lixo hospitalar, por exemplo, não tem nada de interessante. Aliás, é até perigoso. Mas há lixo que desperta muito interesse para os observadores mais atentos. É o caso dos vasilhames em geral (latas de alumínio, garrafas, embalagens plásticas e tantos outros). Além do interesse financeiro decorrente da venda de material reciclável, esse lixo aponta outra situação pouco considerada por quem não conhece o seu efeito sobre os preços. Ele onera significativamente os custos de fabricação e, conseqüentemente, o Preço de venda ao consumidor. Isso significa que ao comprarmos um determinado produto estamos pagando, em alguns casos, mais pela embalagem do que pelo conteúdo utilizável. E é grande a variedade de itens que se enquadram nessa situação, gerando um tipo de lixo que considero de luxo. Tanto na latinha de alumínio de cerveja ou de refrigerante quanto no frasco que contém um bom suco, o que se observa é que esses componentes dos produtos são necessários e caros. Há vários produtos vendidos em latinhas de alumínio que o conteúdo custa bem menos do que a embalagem. Assim, bebemos o Líquido e jogamos no lixo a embalagem principal, que tem seu valor incluído no Preço do produto. Essa embalagem é tão valiosa que desde muito tempo já há catadores para esse lixo. Outros interessados, em nome do cuidado com o meio ambiente, separam garrafas e latas em coletores específicos e distribuem para instituições de caridade. Essas instituições vendem esses vasilhames para empresas que reciclam o material e o fazem retornar ao mercado. Há também garrafas de vidro que são muito valiosas, incluindo-se aí suas sofisticadas tampas de enroscar. De vez em quando fico olhando cuidadosamente o formato da embalagem de alguns produtos. São verdadeiras obras de arte, com material de primeira qualidade. Claro que também há uma estratégia mercadológica em ação, uma vez que a aparência interfere no processo de escolha por parte de muitos consumidores. Mas isso pode ter o Risco de também inibir o consumo, uma vez que existem compradores atentos para esse detalhe da relação entre a embalagem e o conteúdo.Tem muita gente preocupada com o que considero lixo de luxo. Entre essas pessoas estão os analistas de custos das indústrias de alimento de modo em geral e os estrategistas de vendas no varejo. Eles percebem facilmente o quanto essas embalagens oneram o Preço de um produto e transferem essa preocupação para os donos ou os diretores da empresa em que atuam. Existem outros produtos que o custo da embalagem representa mais de 60% (sessenta por cento) do valor de seu Preço de venda. Verifica-se isso facilmente quando analisamos o Preço de uma garrafinha de água mineral contendo 500ml. A embalagem de plástico é muito mais cara do que o Líquido destinado ao consumo. Considerando que um garrafão com 20 litros é vendido por R$ 4,00 (quatro reais) em alguns depósitos de bebidas, o valor do litro da água seria de R$ 0,20 (vinte centavos) e, proporcionalmente, 500ml teria um Preço de R$ 0,10 (dez centavos). Acontece que o Preço da garrafinha de água mineral, na embalagem de 500ml, chega a R$ 0,60 (sessenta centavos) em alguns estabelecimentos comerciais. E isso ocorre com produtos fornecidos por um mesmo fabricante, ou seja, não há outra explicação senão o aumento do custo produtivo. É evidente que o ônus maior é a embalagem porque, no caso da água mineral, isso implica mudança no processo produtivo e aumento do gasto com distribuição. É bom lembrar que o garrafão de 20 litros é adquirido pelo consumidor apenas na primeira compra, sendo esse garrafão reutilizado nas operações seguintes. Com o botijão de gás também é assim.O desafio permanente para as grandes indústrias é descobrir uma maneira prática de colocar seus produtos no mercado em condições satisfatórias de acondicionamento, sem onerar de modo tão significativo o Preço de venda. O sistema de refil tem sido utilizado por algumas empresas, mas nem todos produtos podem ser colocados à disposição do consumidor por meio desse processo.Compete aos especialistas em Varejo e logística descobrir como fazer para que os produtos cheguem aos consumidores sem que eles tenham que pagar caro pelo lixo de luxo que acompanha esses produtos.

Um comentário:

  1. No meu ponto de vista, toda embalagem descartável gera maior custo ambiental do que embalagens retornáveis.

    Sou mais favorável a reutilização do que ao descarte, pois gera menos lixo. As empresas encontraram na embalagem "descartável" uma forma míope de se livrar a logística de retorno das embalagens. É muito mais prático apenas entregar do que ter retorno de embalagens vazias. Além de repassar o custo da embalagem descartável para o cliente.

    Atualmente a discussão sobre os impactos ambientais causados em toda a cadeia (não apenas nos resíduos gerados) tem levantada a discussão.

    O alumínio, por exemplo, tem um alto consumo energético para a produção de latinhas... Causando, dessa forma, gastos maiores do que a produção de embalagens de outros materiais, apesar do alto grau de reciclagem do aluminio.

    Geralmente o custo de aproximadamente 90% de embalagens/impostos/outros - exceto conteúdo - (Tive acesso a este número em uma reunião com um engenheiro de produção de uma cervejaria). Neste caso, a relação do conteúdo da cerveja (355ml) em relação ao valor total que é pago gira em torno de 10%. Vale salientar que além do custo da embalagem, tem também o custo de frete e outros custos diretos/indiretos... Não comentei no debate, mas também tem uma carga alta de impostos - aproximadamente 45%.

    O governo tende a aumentar o IPI para embalagens não-retonáveis e também para bebidas alcoolicas!!! Nesta proporção... o que paagremos pelo conteúdo será cada vez menor em relação as emabalagens e impostos...

    Pedro Salanek Filho
    psalanek@hotmail.com

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