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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Relatório Social Unilehu 2009/2010

Lançamento do Relatório Social Unilehu 2009/2010

Neste dia 7 de abril, a Unilehu (Universidade Livre para a Eficiência Humana) reuniu novamente seus parceiros e outros convidados para divulgar o seu Relatório Social 2009/2010, que discorre sobre todas as atividades realizadas no ano anterior e oferece uma perspectiva dos desafios que estão pela frente. O lançamento teve a participação do consultor paulista Reinaldo Bulgarelli, sócio da Txai Consultoria e referência no tema da diversidade que realizou uma palestra com o tema “Diversidade”. Num clima descontraído, ele falou sobre a riqueza das diferenças na descoberta de soluções inovadoras para a sustentabilidade das empresas. Por meio de uma sensibilização com imagens sugestivas, propôs que cada um redimensionasse o seu tamanho no universo, na terra e na sociedade, refletindo sobre os preconceitos e a aceitação das diferenças de gênero, raça, idade e também das condições de deficiências.

Saiba mais: http://www.unilehu.org.br/






PALESTRA: Diversidade é o segredo da vida

Reinaldo Bulgarelli celebra a melhoria das relações entre as pessoas, lembrando que a complementaridade das diferenças é a chave para a existência humana

Maria Fernanda Gonçalves

Decidido a trabalhar pela tolerância e pela inclusão sociais desde a adolescência, o paulista Reinaldo Bulgarelli, 47, é coordenador de cursos da Fundação Getúlio Vargas, na área de Responsabilidade Social, e consultor para inclusão em empresas, ministrando palestras por todo o país. Depois de sua passagem, é percebido o aumento significativo do aumento de mulheres em cargos de liderança, abrem-se novos setores que incluem pessoas com deficiências (PcD) e são propostas metas mais efetivas de responsabilidade social nas empresas visitadas. O que o levou para esta direção foi ter convivido com amigos negros quando jovem, entendendo o que era ser o único branco, com oportunidades e condições diferentes. Na sua trajetória, trabalhou com crianças indígenas na Amazônia, em projetos do Unicef , e teve a honra de colaborar com o educador pernambucano Paulo Freire, na educação de meninos de rua. Assim, passou a maior parte de sua vida envolvido com inclusão social e educação, sendo hoje sócio da Txai Consultoria. Aqui, o autor de Diversos Somos Todos nos fala sobre o trabalho da Unilehu, a diversidade na sociedade e comemora os avanços do comportamento do brasileiro. “Estamos vivendo um momento muito feliz na sociedade brasileira em relação à inclusão de pessoas com deficiência, o que tem gerado também aprendizados significativos em relação a outros segmentos da sociedade”, diz. “Passamos a compreender que processos de inclusão são construídos e constroem círculos virtuosos”.
Ou seja, “a escola está mais inclusiva porque o mercado de trabalho está mais inclusivo e vice-versa. As famílias de PcD estão mais inclusivas porque a sociedade está mais inclusiva e vice-versa. As PcD estão mais cientes de sua cidadania, com a auto-estima elevada, enfim, o círculo virtuoso da inclusão está formado. Diante disso, a sociedade já está em rápido e profundo processo de mudança”. Ele ainda cita Gandhi, “seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Confira a seguir a entrevista exclusiva que o autor concedeu à Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu):

Unilehu - O que é a diversidade?
Reinaldo Bulgarelli - Onde há vida, há diversidade. É possível dizer até que a diversidade é o segredo da vida. Na família humana, a diversidade nos caracteriza e nos desafia ao longo de nossa história. Afirmamos que somos todos iguais na Declaração Universal dos Direitos Humanos exatamente para garantir que nossas singularidades possam se expressar em torno de um projeto de humanidade que essa declaração traz consigo.
Somos iguais na condição de gente, como membros de uma só família, a humana. Somos todos diferentes porque a vida nos faz assim e assim nos fazemos também, construindo nossas identidades, nossa maneira de ser no mundo a partir do que nos foi dado ou imposto, das oportunidades e das escolhas que realizamos. Diversidade é cultura, é o que somos, o que fazemos e o que fazem com o que somos. Tudo isso resulta num conjunto imenso de diferenças e semelhanças que caracterizam cada pessoa e toda a humanidade ao mesmo tempo.
Diversidade é a consideração pelas pessoas e suas características para que possamos enfrentar juntos os desafios da nossa existência no planeta. Com esse horizonte positivo, fica mais fácil rompermos as barreiras que nos afastam do apreço pela diversidade.

Unilehu – Nossa organização promove a inclusão da PcD no mercado de trabalho. O que pensa sobre sua convivência com os colegas no meio corporativo?
Bulgarelli - A Unilehu nasceu com uma missão muito nobre, não apenas porque promove inclusão de PcD, mas porque contribui para aproximar as organizações da diversidade. As organizações que têm apreço pela diversidade sentem falta da vida como ela é, precisam da diversidade para se desenvolver e construir diferenciais significativos num mercado cada vez mais competitivo. Quem ajuda uma organização a aproximá-la das PcD está realizando um serviço que deve ser muito valorizado.
A convivência de pessoas com e sem deficiência no trabalho tem uma característica que eu valorizo muito: a cooperação. Ainda há quem alegue que pessoas com deficiência não conseguem realizar tudo sozinhas e precisam de ajuda de outros colegas no trabalho. Sabemos que não é bem assim, mas qual é o problema com as pessoas cooperarem umas com as outras em torno dos desafios da área e do cumprimento da missão da empresa?
Lido com grandes empresas e gosto de lembrá-las que não se tornaram o que são com individualismo, mas com muita cooperação entre todos. Pessoas com deficiência exigem complementaridade, cooperação, ajuda mútua? Ótimo! Isso gera também interações criativas, soluções de tipo novo, ampliação das perspectivas da empresa, sinergias e fortalecimento do trabalho em equipe que, em tese, todos valorizam.

Unilehu – Quem ganha nesta relação?
Bulgarelli - Quando você tem condições e quer trabalhar, mas é excluído por causa das barreiras colocadas pelo preconceito, é evidente que as cotas para PcD beneficiam diretamente estas pessoas. Imagine ter formação universitária e vender doces nos cruzamentos da cidade? É o caso de uma funcionária formada em administração que foi divulgado na revista Exame há muitos anos.
Mas os ganhos são também para os colegas sem deficiência, que passam do desafio para a percepção de que há mais possibilidades do que barreiras nesta relação e na realização das atividades. Os depoimentos de colegas que escuto antes dos processos de inclusão são sempre carregados de medo dos mais variados tipos. Os depoimentos posteriores tratam dos aprendizados, de como é uma riqueza trabalhar com alguém que realiza as mesmas atividades de uma outra maneira, com outros olhares, outras histórias, enfim, a riqueza se fazendo presente. Gestores que, em geral, resistem tanto no início, também mudam totalmente a forma de ver a questão e passam a enxergar a inclusão de PcD como uma oportunidade de desenvolvimento da liderança e do trabalho em equipe. São ganhos para as pessoas e para o desenvolvimento profissional de todos. A empresa só tem a ganhar com tudo isso e não podemos nos esquecer da sociedade.

Unilehu – Como gestores devem encarar a chegada de uma pessoa que apresenta claramente uma limitação, mas que oferece outras possibilidades?
Bulgarelli - Como um colega que trará demandas e oferecerá soluções, como qualquer outro. Nossos processos de gestão estão muito baseados no controle e na homogeneização de tudo e todos. Parece que a tarefa de gestão se resume a produzir por meio da adequação das pessoas a uma forma que não permite a expressão da diversidade, portanto, da vida. A chegada de um colega com deficiência a princípio assusta porque é alguém que força a reconhecer que somos mais do que “mão-de-obra”. Há uma pessoa inteira em cada colaborador com demandas e soluções, mas isso não parece não ser bem-vindo porque aprendemos que a produção acontece por meio do controle de tudo, até do penteado dos funcionários. Pessoas com deficiência humanizam o ambiente exatamente por trazer vida onde a vida está reprimida.

Outras informações sobre o palestrante estão publicadas no site http://www.unilehu.org.br/

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