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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ser sustentável é ser “egoísta”

No bom sentido da palavra, consultor afirma que ser sustentável é ser egoísta, desejando o seu próprio bem e trabalhando para mantê-lo perpetuamente

A lei universal do aprendizado se resume no chamado reforço. Porém, o reforço é uma faca de dois gumes. Há sempre o risco de estarmos reforçando exatamente aquilo que queremos mudar! Pense um pouco: quantas vezes tentamos mudar um comportamento, em nós mesmos ou em outras pessoas, e não conseguimos? Na maioria das vezes, utilizamos os princípios do Reforço de modo errado ou inadequado. Nós ameaçamos, discutimos, gritamos, coagimos e usamos outros comportamentos que apenas pioram a situação. Ressaltamos e questionamos as coisas negativas, aquilo que está errado, enquanto perdemos chances valiosas de elogiar o que é bom, aquilo que está sendo feito corretamente.

Essa postura de reforço negativo cria uma atmosfera de tensão, culpa e fecha os pensamentos para a criatividade e desejo de melhoria. Este cenário de reforço negativo está impregnado em nossa sociedade. Nós esperamos que as pessoas saibam a coisa certa a fazer, saibam o que é esperado delas, sem que tenhamos que dizer. Esperamos que todos entendam e aceitem nossos pontos de vista e acreditamos estar recompensando os outros dando-lhes coisas que nós gostamos, mas que eles podem não gostar tanto.

Eu gosto muito de bife e batatas fritas. Também gosto de pescar. Quando vou pescar, obviamente levo iscas próprias para o tipo de peixe que pretendo pegar; não coloco bife e batatas fritas no anzol! Por que não tenho este mesmo pensamento em relação às pessoas? Você precisa convencer as outras pessoas que elas se beneficiarão mudando de atitude. E como você irá convencê-las se você não sabe quais as necessidades delas e não entende seus pontos de vista?

E o que isso tem a ver com Sustentabilidade? Tudo! Sustentabilidade não é gestão ambiental e não é responsabilidade social. Sustentabilidade é principalmente ser egoísta. O leitor está perplexo? Sustentabilidade significa eu querer o meu bem e trabalhar para mantê-lo perpetuamente. Se cada um de nós quiser o próprio bem e trabalhar para que este estado seja duradouro, teremos um mundo melhor. Ressalto que eu disse que sustentabilidade é egoísmo, mas no bom sentido. Ser mau-caráter, desonesto e prejudicar as outras pessoas não é sustentável, até porque certamente você terá problemas no futuro.

E as empresas? Como isso se aplica? Usualmente, pensamos em sustentabilidade como sendo o triple bottom line: social, ambiental e econômico. Na verdade, trata-se de um novo entendimento do antigo single bottom line: lucro. Qual é o objetivo das empresas? Lucro. O que se espera delas? Que sejam eficientes e deem lucro. Porém, para que as empresas tenham uma boa performance econômico-financeira, elas precisam considerar todos os fatores que impactam seus objetivos. É aí que surge a sustentabilidade.

Cada organização precisa desenvolver uma consciência de futuro próprio e orientar suas ações neste sentido. Obviamente as empresas precisam se preocupar com seus principais stakeholders e desenvolver estratégias de geração de valor para eles. Além disso, existem diversas perguntas que precisam ser respondidas pelo planejamento estratégico das organizações. Sugerimos algumas:

• Meu mercado-alvo é sustentável? Será que não estou pressionando meus clientes com preços absurdos apenas porque hoje eles não têm alternativa? Existe parceria e relação de longo prazo com meus clientes?
• Meus fornecedores são sustentáveis? Tenho garantia dos produtos ou serviços na origem? Procuro integrar minha cadeia de valor?
• Minha atividade tem riscos ambientais? Posso economizar com alternativas de energia, água e outras?
• Como o público me enxerga? Qual a percepção que a população em geral tem da minha organização?
• Invisto em meus profissionais? Envolvo a comunidade?
• Meus produtos, serviços e insumos são sustentáveis? Trazem riscos ambientais ou à saúde? Existem recomendações de novos insumos substitutos?

Enfim, sustentabilidade é isso. Pensar no nosso próprio futuro.

Mário Henrique Trentim (Diretor da iPM Consult – Consultoria Inteligente. Professor e coordenador dos cursos de MBA da CEDEPE Business School em gerenciamento de projetos. Membro voluntário do PMI Pernambuco da Diretoria Adjunta do Chapter / http://linkedin.com/in/trentim / mario.trentim@ipmconsult.ca)

Fonte: Portal HSM Online.

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