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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Artigo: Como criar uma geração insustentável

Estou trabalhando há alguns meses com crianças do Ensino Fundamental e adolescentes do Ensino Médio. As primeiras têm, em média, 14 anos, e as segundas, 17. Minha função é abordar alguns assuntos relativos à sustentabilidade socioambiental. Tenho aprendido muito.

Percebi que na prática o tal tripé da sustentabilidade não se aplica. Se a questão socioambiental for realmente considerada prioridade, o lado econômico se equilibra. Vou utilizar uma metáfora: a sustentabilidade é um ser bípede que tem uma perna ambiental e a outra social. Se estas duas caminharem no tempo, espaço e velocidade correta o corpo deste ser (que é a economia) evolui junto. São os pés ambientais e sociais que propiciam que a economia se equilibre.

Então assumo oficialmente que não aceito mais a teoria do tripé da sustentabilidade. A experiência mostra que quando o tal ser da minha metáfora tem três pés ele se atrapalha, tropeça e não caminha. Até porque a economia não é um pé, é o corpo. Ela não sabe (e não pode) caminhar sozinha. Aprendi também que a sociedade se especializou em criar futuras gerações cada vez mais insustentáveis. Vamos analisar a escola.

As crianças de 14 anos são espontâneas, cheias de energia, exigentes de estímulos inteligentes, atenção e regras claras de disciplina. E elas falam, querem participar, são motivadas. Os quinze minutos de intervalo são uma explosão de euforia. Os adolescentes de 17 anos são calados. A energia da motivação apagou. A disciplina rígida, o vestibular e a maturidade cobraram seu preço. Os quinze minutos de intervalo servem para enviar um torpedo para alguém distante. Realmente o currículo do racionalismo acadêmico é a escola do fazer calar...

Em sua esmagadora maioria as escolas não têm árvores, apenas pátios cimentados. É que as árvores representam um risco para os pequenos. Subir em árvores realmente é muito arriscado, melhor deixar para fazer isso quando você for adulto e tiver plena consciência do risco envolvido.

Os lanches servidos nas escolas são um convite para problemas de saúde. Na comemoração do dia da criança, os estudantes receberam algodão doce, cachorro-quente e pirulitos. Carboidratos e lipídeos que significam açúcar e gordura. Em uma escola ofertaram maçãs, e, muitas delas, depois de duas mordidas, viraram bola de futebol no pátio cimentado...

Nas horas livres em média metade das crianças assiste televisão ou usa o computador. Infelizmente poucas, muito poucas, realizam com regularidade atividades físicas ou culturais. Os passeios acabam sendo uma rota de consumo em shopping centeres sem árvores, com lanches artificiais e muitas vitrines de ilusão.

Bombardeados com símbolos de sucesso como carros, equipamentos eletrônicos, marcas internacionais de vestuário e empregos em multinacionais as pernas dessas futuras gerações vão se atrofiando, restando apenas o corpo econômico pesado e lerdo. Corpo que não anda. Cabeças que não pensam. Corpos que não andam mais vão ensinar as futuras gerações como caminhar. Realmente a teoria na prática é outra. Não estamos de pernas para o ar. Estamos sem pernas.


Artigo publicado na edição 25 da revista Geração Sustentável
Rosimery de Fátima Oliveira - Bióloga, Especialista em diagnóstico e planejamento sistêmico









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Veja os conteúdos dessa edição:

Matérias:
Capa: Saiba como andam as práticas de sustentabilidade dos bancos brasileiros
Entrevista com Manfred Alfonso Dasenbrock - Sicredi PR
Desenvolvimento Local: Iniciativa sustentável inova modelo de entregas
Educação e Sustentabilidade: Abrindo o silêncio para o mundo
Responsabilidade Social: Sustentabilidade - da teoria à prática
Gestão de Resíduos: Iniciativas privadas buscam educar a sociedade a reduzir, reutilizar e a reciclar lixo

Artigos:
Ivan Dutra - Da Tunísia a Wall Street
Jeronimo Mendes - O encanto permance, mais o gosto muda
Yuri Beltramin - Como estamos construíndo nosso mundo sustentável?

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