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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Novas profissões ajudam a melhorar vidas, carreiras e a sociedade

(matéria publicada originalmente na edição 25 da revista Geração Sustentável - Jornlista: Letícia Ferreira)

Empresas de todos os setores – e não apenas do terceiro - se dão conta do valor da sustentabilidade social e ambiental e abrem oportunidades de trabalho ligadas à área

Como diretora de Finanças da JR Consultoria, Empresa Junior da Universidade Federal do Paraná, em 2004, a jovem administradora colombiana Lina Maria Useche Kempf percebeu que não queria que seu futuro se resumisse a um emprego em uma grande empresa. Ao sair da Empresa Junior, participou de processos de seleção em grandes multinacionais, mas sem entusiasmo em relação ao trabalho que poderia realizar nessas empresas.

O convite que recebeu de Rodrigo Britto, cofundador e atual diretor de Parcerias e Oportunidades de Impacto da Aliança Empreendedora (empresa que auxilia microempreendedores de baixa renda em todo o país), para ser coordenadora financeira da ONG Comunidade Empreendedores de Sonhos foi decisivo: ela largou os processos de seleção e aceitou imediatamente: “Eu tinha 20 anos e foi a melhor escolha que fiz na minha vida. Lá, me descobri, descobri meus talentos e minha vocação”, comemora Lina que, atualmente, é diretora executiva e cofundadora da Aliança Empreendedora. Além disso, no ano passado, ela fundou a IMPULSO - Microcrédito, empresa pioneira ao lançar o primeiro portal de financiamento colaborativo no Brasil (www.impulso.org.br). “Quando fundamos a Aliança, éramos apenas sete pessoas. Hoje, somos quase 70 funcionários trabalhando em quatro estados e replicando conhecimento e metodologias para outros sete estados brasileiros, tendo apoiado mais de 16 mil microempreendedores”, diz.

Para Daniele Farfus, coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos do Centro Tecnológico da Universidade Positivo, o momento em que a sustentabilidade entrou definitivamente em sua vida profissional e pessoal foi ao cursar um mestrado centrado no tema: “Iniciei minha carreira profissional educando crianças e, hoje, compartilho meus conhecimentos com adultos e contribuo no processo de formação de profissionais críticos e conscientes do seu papel na sociedade”. Daniele também é professora na Pós-Graduação da Universidade Positivo, ministrando a disciplina Sustentabilidade e Sociedade e, no SESI Paraná, trabalha com projetos de inovação social relacionados à sustentabilidade.

Ambas são exemplos de profissionais que direcionaram suas carreiras de forma a contribuir com o desenvolvimento sustentável da sociedade e, consequentemente, do planeta. É uma tendência confirmada pela especialista em carreiras Carla Virmond Mello, vice-presidente da ICF - International Coaching Federation – capítulo Paraná, e diretora da ACTA - Carreira, Transição e Talento, e da DBM do Brasil na Região Sul.

Carla compartilha duas pesquisas que também confirmam a tendência: da Michael Page (empresa de recrutamento especializado de executivos para média e alta gerência, líder e pioneira no Brasil e em toda a América Latina), e da OIT - Organização Internacional do Trabalho. A Michel Page ouviu cerca de dois mil profissionais de países do Cone Sul e concluiu que 86,4% dos executivos brasileiros dariam preferência a uma proposta de emprego caso a organização em questão apresentasse ações sociais.

A da OIT diz que o número de profissionais envolvidos com atividades ligadas a funções sociais e ambientais cresceu 160% entre 2008 e 2010 no Brasil. No ano passado, já eram 2,6 milhões de empregos. Segundo Carla, as empresas caminham no mesmo sentido e, cada vez mais, aproximam-se do terceiro setor de maneira cooperativa: “O mercado começa a demandar profissionais que pensem em longo prazo, que desenvolvam soluções viáveis e auxiliem no cumprimento das normas ambientais a que as empresas estão submetidas”.

Lina compara essa tendência ao "boom" da responsabilidade social corporativa que aconteceu por volta de 2005 e 2006 no Brasil. Ela lembra que, na época, uma série de empresas colocou em operação institutos e fundações para investir em projetos sociais em todo o país: “Nesses últimos dois anos, presenciamos a inclusão dos projetos sociais dentro da ‘cadeia de valor da empresa’. Hoje, áreas como inovação e novos negócios nas empresas estão repensando suas estratégias para que os impactos social e ambiental sejam parte dos outputs de sua própria operação e não apenas um ‘anexo’”.
Já as organizações do terceiro setor, pensa Lina, cientes dos novos movimentos, veem um cenário de oportunidades de parcerias e ampliações de impacto, o que, consequentemente, aumenta a demanda por novos talentos com esse novo perfil.

E Daniele Farfus acredita que os profissionais que compreenderem esse novo cenário terão condições de aumentar sua empregabilidade adquirindo competências que possam agregar valor às organizações: “Competências que se desenvolvem com base no conhecimento aprofundado sobre o tema e o exercício, na prática, de ações que o promovam, tanto na vida profissional, quanto na pessoal”.

Realizações profissionais e pessoais: Quem não enxerga futuro e satisfação em longo prazo no trabalho que desenvolve deve começar a repensar suas escolhas profissionais. É a análise de Carla Virmond Mello, que acrescenta que aqueles que já estão fazendo isso, saem na frente, buscando experiência e especialização para atender às novas posições que estão se estabelecendo: “Sabemos que motivação e engajamento estão muito ligados a fazer algo em que acreditamos e que esteja relacionado a nossos valores pessoais. Os profissionais que escolhem carreiras nesse sentido estão naturalmente mais motivados para o trabalho e tendem a ser mais realizados”.

Carla lembra ainda os empreendedores sociais, como Lina Maria Useche Kempf, pessoas que, além de se aventurarem por novos empreendimentos, criam soluções e serviços diferenciados com o objetivo de trazer inovação para um mundo mais justo e sustentável: “São os chamados ‘empresários com causa’”.

Diz Carla que, mesmo quando o profissional não é idealista ou não está engajado a nenhuma causa, algumas opções de trabalho no terceiro setor são atraentes, pois o mercado começa a demandar profissionais que pensem em longo prazo, que desenvolvam soluções viáveis e que auxiliem no cumprimento das normas ambientais a que as empresas estão submetidas.Lina amplia o debate: “De maneira geral, todos gostamos de dinheiro no bolso, segurança e estabilidade, e isso não é errado. Mas, quando essas questões vêm acompanhadas de uma rotina sem propósito, até em detrimento da qualidade de vida, começamos a nos questionar”.

A boa notícia, ela lembra, é que não é preciso ser um empreendedor social para mudar o mundo: “Bill Drayton, idealizador e fundador da Ashoka, tinha a máxima: ‘Todo Mundo pode Mudar o Mundo’". Ashoka, conta Lina, é a organização que foi pioneira no conceito, caracterização e apoio ao empreendedorismo social como campo de trabalho, estando presente em mais de 60 países, entre eles o Brasil, desde 1986. “Além disso, por conhecer empreendedores de negócios sociais de todos os ramos, não consigo ver distinção entre profissões, mas, sim, pessoas que pensem em novas formas de fazer negócios”, afirma.



Destaque:

Carla Virmond Mello comenta algumas das novas profissões e formações que crescem das demandas da sustentabilidade:

“Entre as novas opções de formação estão desde cursos técnicos, como Técnico em Biocombustíveis e Técnico em Petróleo e Gás, até bacharelados em gestão ambiental, MBAs, mestrados e várias opções de pós-graduação em sustentabilidade, como cursos de especialização em petróleo que, costuma-se dizer, garantiriam um salário até 25% maior em relação aos demais profissionais. Entre as profissões, destaco as ligadas à saúde e biomedicina (a USP, em breve, deve lançar um bacharelado em Ciências Biomédicas), ao design thinking, geologia, geofísica e engenharias petrolífera, naval e submarina. Segundo o Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (PNUMA), o setor de energias renováveis, por exemplo, já emprega mais pessoas do que o de petróleo e gás em todo o mundo.

Surgem também novos cargos como engenheiro de petróleo, engenheiro de energia, gerente de meio ambiente, presidente de comunicação e sustentabilidade, consultor em sustentabilidade, coordenador de projetos sociais; e departamentos como o de responsabilidade social e até novas segmentações na estrutura das empresas, como a criação de institutos e fundações ligadas à marca principal.”

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Veja os conteúdos dessa edição:

Matérias:
Capa: Saiba como andam as práticas de sustentabilidade dos bancos brasileiros
Entrevista com Manfred Alfonso Dasenbrock - Sicredi PR
Desenvolvimento Local: Iniciativa sustentável inova modelo de entregas
Educação e Sustentabilidade: Abrindo o silêncio para o mundo
Responsabilidade Social: Sustentabilidade - da teoria à prática
Gestão de Resíduos: Iniciativas privadas buscam educar a sociedade a reduzir, reutilizar e a reciclar lixo

Artigos:
Rosimary Oliveira - Como criar uma geração insustentável
Ivan Dutra - Da Tunísia a Wall Street
Jeronimo Mendes - O encanto permance, mais o gosto muda
Yuri Beltramin - Como estamos construíndo nosso mundo sustentável?

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