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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Entrevista_Edição 36



Um novo olhar

Sonia Favaretto, diretora de Imprensa e Sustentabilidade da BM&FBOVESPA fala sobre os projetos da Bolsa e a importância da sustentabilidade no mercado de ações

Criada em maio de 2008 com a integração da BM&F (bolsa de derivativos) e da Bovespa (bolsa de ações), a BM&FBOVESPA incentiva a sustentabilidade desde que surgiu no mercado. Vista pela companhia como um modelo de gestão que inspira a condução dos negócios em sinergia com os interesses atuais e futuros, tanto da sociedade quanto do planeta, para a Bolsa, a sustentabilidade é um novo valor.

Segundo destaca a diretora de Imprensa e Sustentabilidade da companhia, Sonia Favaretto, que concedeu entrevista para a Revista Geração Sustentável, ao permitir que empresas se capitalizem para desenvolver seus projetos, e consequentemente gerar empregos; e também por permitir que os agentes do mercado e investidores se protejam das oscilações de preço de diversos ativos, por meio dos mercados derivativos; a Bolsa já nasce com uma função vital para o desenvolvimento sustentável dos mercados e da sociedade brasileira.

Entre as diversos projetos e ações de destaque da BM&FBOVESPA estão a criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – detalhes na matéria de capa – e da campanha Novo Valor – criado com o objetivo de induzir e promover o desenvolvimento sustentável da Bolsa e do mercado de capitais, envolvendo os mais diversos públicos, como investidores, empresas e corretoras.

Para Sonia, as organizações têm três maneiras de entender a necessidade de incluir a questão da sustentabilidade em seu cotidiano: “Pelo amor, quando movidas por líderes apaixonados e convictos de sua importância; pela dor, quando sofrem perdas financeiras, de imagem ou reputação; ou pela inteligência, quando entendem o diferencial competitivo, a inovação e a liderança que podem exercer nestas mudanças”.

Desde quando a BM&FBOVESPA incentiva a sustentabilidade e como ela faz?

Podemos dizer que desde o seu surgimento a Bolsa incentiva a Sustentabilidade. Digo isso, pois ao permitir que empresas se capitalizem para desenvolver seus projetos, e consequentemente gerar empregos; e também por permitir que os agentes do mercado e investidores se protejam das oscilações de preço de diversos ativos, por meio dos mercados derivativos; a Bolsa já nasce com uma função vital para o desenvolvimento sustentável dos mercados e da sociedade brasileira.

Como referências, podemos citar o Novo Mercado, lançado em dezembro de 2000, segmento especial de listagem das empresas, que tem o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimule, simultaneamente, a transparência, o interesse dos investidores e a valorização das companhias.

Fomos a 1ª bolsa do mundo a se tornar signatária do Pacto Global da ONU, em 2004, e em 2005, lançamos o Índice de Sustentabilidade (ISE), que é o nosso carro chefe em Sustentabilidade, sendo o quarto índice no gênero no mundo.

Em 2009, a Bolsa criou a diretoria de Sustentabilidade, que responde diretamente ao diretor presidente da companhia como forma de estruturar e alavancar ainda mais suas ações internas e de formação de mercado no tema. Desde então, lançamos o Índice de Carbono Eficiente (ICO2), fomos a primeira bolsa de mercados emergentes a se tornar signatária do PRI – Princípios para o Investimento Responsável, e lançamos, em 2011, o Programa “Em Boa Companhia – Programa de Sustentabilidade com Empresas listadas”, a fim de aprofundar as discussões sobre o impacto da gestão de sustentabilidade e do investimento social na rotina das companhias. O programa prevê o compartilhamento de informações por meio de newsletters e publicações, encontros presenciais na Bolsa com especialistas em sustentabilidade e um encontro anual aberto por ocasião do anúncio da nova carteira do ISE, em novembro. Além disso, o site Em Boa Companhia dá visibilidade às iniciativas de sustentabilidade praticadas pelas empresas listadas. Atualmente, 51 empresas participam da iniciativa com 97 projetos ambientais e 291 projetos sociais.

Em 2012, lançamos o “Relate ou Explique para Relatório de Sustentabilidade ou Similar”, na Rio +20, com o objetivo de facilitar o acesso dos investidores às informações não financeiras. A iniciativa da bolsa estimula as companhias a indicarem em seus formulários de referência a publicação de relatórios de sustentabilidade ou documentos similares. Atualmente, o número de empresas que publicam informações não financeiras ou nos informaram por que não o fazem aumentou de 203 para 293, entre maio de 2012 e junho de 2013.

Outra iniciativa relevante na agenda de mudanças climáticas é que a BM&FBOVESPA passou a compensar anualmente as suas emissões de gases de efeito estufa que não forem passíveis de redução, tornando-se, assim, “carbono neutro”. Essa iniciativa retrocede aos anos de 2011 e 2012 e tem entre os seus objetivos induzir a adoção dessa prática pelas empresas listadas e o mercado em geral. A ação também está em linha com a Política de Sustentabilidade da bolsa – aprovada pelo conselho de administração em abril de 2013 –, que concretiza o compromisso com o avanço das iniciativas empresariais relacionadas à sustentabilidade.

Como surgiu e quais os objetivos da campanha Novo Valor?

Na BM&FBOVESPA, a sustentabilidade é vista como um modelo de gestão que inspira a condução dos negócios em sinergia com os interesses atuais e futuros, tanto da sociedade quanto do planeta. Para a Bolsa, isso é um novo valor. Assim surgiu o Novo Valor, em 2009, como o programa que reúne as ações de sustentabilidade da Bolsa. No site da campanha (bmfbovespa.com.br/novo-valor/pt-br/download/guiadesustentabilidade.pdf) temos, além de todas as iniciativas, artigos e notícias sobre a agenda de sustentabilidade. Nas ações de comunicação para o tema, nosso slogan é “Adote este Novo Valor”.

O que mudou na instituição desde que focou no modelo de gestão sustentável?

O principal é que a instituição está exercitando uma nova forma de pensar e operar, que considera não apenas os fatores econômicos, mas também os sociais e ambientais. Isso não se faz do dia para a noite, é uma mudança cultural. Por isso, as ações práticas são fundamentais para concretizar a proposta. Nesse sentido, podemos citar o programa de coleta seletiva e reciclagem, cujos recursos são destinados a ONGs de funcionários voluntários; a adoção de Papel de Floresta Certificada; iniciativas que visam o consumo consciente de recursos naturais, como lâmpadas que consomem menos energia e aparelhos de ar condicionado mais inteligentes.

Em 2012, a BM&FBOVESPA implantou um novo sistema de gestão de impressão para fomentar o uso mais consciente de papel, reduzir os custos de manutenção e de energia e aumentar a segurança da informação. Além disso, todos os monitores dos funcionários da BM&FBOVESPA são LCD, que geram menos calor e consomem menos energia.

Ainda no objetivo de concretizar esse novo modelo, instituímos o programa Carona Solidária, que possibilita aos colaboradores da BM&FBOVESPA compartilhar o uso do automóvel com seus colegas de trabalho, propiciando maior integração, além de ajudar a reduzir custos, trânsito e emissão de gases de efeito estufa. Inauguramos também um bicicletário, 2011, para incentivar os funcionários a adotar uma vida mais saudável. No mesmo ano, passamos a contar com Serviços de Bikeboy, contratando uma empresa especializada em entregas via bicicleta. Com essa iniciativa, a Bolsa também reduz suas emissões gases de efeito estufa.

A sustentabilidade é um valor propagado tanto interna quanto externamente pela BM&FBOVESPA? De que forma? Como avalia o nível de engajamento desses públicos?

Sem dúvida. Faz parte do nosso papel propagar e induzir esse novo valor interna e externamente. A Política de Sustentabilidade da BM&FBOVESPA é o principal instrumento de propagação desse valor, pois reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e é direcionada para a gestão interna e também para o relacionamento com seus diversos públicos. Também, no pilar social da política, está entre suas responsabilidades a gestão de projetos de investimento social da Bolsa. De forma geral, a recepção dos variados públicos às iniciativas de sustentabilidade da Bolsa é muito boa, o que se comprova pela adesão das companhias a iniciativas como ICO2, ISE e Relate ou Explique.

Para a BM&FBOVESPA, quais os diferenciais de uma empresa que se preocupa com aspectos sociais, ambientais e de governança?

Basicamente, estamos falando de uma questão de sobrevivência do negócio, e não sóem longo prazo. Cada vez mais, os aspectos ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) têm se tornado diferenciais competitivos ou mesmo condições para operar internacionalmente. Isso sem falar na agenda de risco. Esses fatores, se não observados na gestão e operação da empresa, podem inviabilizar o negócio. Além disso, a empresa que se preocupa com essas questões certamente constrói um ambiente ético, uma gestão profissionalizada, transparente e eficiente, além de atuar como agente transformadora da sociedade em que atua.

Qual seria sua orientação sobre como as empresas podem aliar rentabilidade e sustentabilidade?

O primeiro passo é a empresa entender que a sustentabilidade é uma condição para que a companhia sobreviva e se diferencie no competitivo ambiente de negócios, como dissemos anteriormente. Com base nessa compreensão, ela deve fazer um exercício de como inserir os conceitos e as ações de sustentabilidade internamente e entre seus públicos. Para orientá-las nesse caminho, publicamos o “Guia Novo Valor – Sustentabilidade nas Empresas, como começar, quem envolver e o que priorizar”.

Quais são as empresas que podem participar da bolsa e quais os benefícios disso?

A maioria das empresas é motivada pela possibilidade de captar recursos dos investidores para financiar seus projetos de investimento e aumentar sua competitividade. Isso é essencial nos dias de hoje, uma vez que o ambiente empresarial exige que os investimentos em modernização, atualização, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos sejam contínuos. Além disso, a abertura de capital reduz o risco da companhia, que é menos afetada pela volatilidade econômica.

Qual o recado que gostaria de passar para as empresas que investem em ações, mas ainda não se preocupam com sustentabilidade?

Costumo analisar esse tema sob uma ótica realista em minhas apresentações. As organizações têm três maneiras de entender a necessidade de incluir a questão da sustentabilidade em seu cotidiano: Pelo amor, quando movidas por líderes apaixonados e convictos de sua importância; pela dor, quando sofrem perdas financeiras, de imagem ou reputação; ou pela inteligência, quando entendem o diferencial competitivo, a inovação e a liderança que podem exercer nessas mudanças.

Que mensagem final deixaria para os nossos leitores sobre a questão de Sustentabilidade Empresarial e Governança?

Depois de tudo que falamos, a mensagem final é a de que quando falamos sobre sustentabilidade estamos falando acerca de uma mudança de mundo. Temos que inserir os aspectos sociais, ambientais e de governança em tudo, no mundo empresarial e na nossa vida como cidadãos. É preciso criar uma nova forma de fazer negócios, operar, consumir, comportar-se. Quanto antes percebermos a seriedade e os impactos dessas questões, no micro e no macro, mais competentes seremos para criar um mundo mais viável, para nós e para as próximas gerações.

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